Administração Pública

Paulinho Serra: bom de
voto e ruim de governo (9)

  DANIEL LIMA - 28/02/2024

Fiz algumas dezenas de análises sobre a tragédia do Coronavírus na região. Muitas dessas análises pegaram o prefeito Paulinho Serra no contrapé de meias-verdades ou mentiras inteiras. Afinal, o titular do Paço Municipal esteve direta e indiretamente no comando do Clube dos Prefeitos durante os dois anos mais rigorosos do vírus chinês. E, de forma invasiva, antes disso, em 2019, durante o mandato do prefeito de Rio Grande da Serra.

O que se segue de abril de 2021 e de março de 2022 é mais que elucidativo. Na primeira análise faço série de contrapontos a artigo que o prefeito de Santo André escreveu para o Diário do Grande ABC, vitrine jornalística que o coloca como suprassumo de gestão pública, mesmo que durante o mandato do tucano, entre outros infortúnios, além dos próprios números municipais e regionais do Coronavírus, Santo André tenha caído pelas tabelas no ranking de PIB per Capita no Estado de São Paulo.

No segundo material, apresento um ranking oficial do G-22, grupamento dos maiores municípios do Estado de São Paulo. São, tanto num caso quanto no outro, antídotos a malabarismos informativos do prefeito de Santo André.

Não consta das duas matérias que se seguem um dos pontos de estarrecimento que apontei durante todas as jornadas de combate ao Coronavírus: a região como um todo empatou o jogo da letalidade com o Distrito de Sapopemba, na Capital vizinha. Sapopemba registrou índice de óbitos por 100 mil habitantes semelhante ao do ABC Paulista.

É possível que no futuro, diante de consulta de leitores ávidos por conhecer a realidade da região durante o período de pandemia, não faltem tanto uma tormentosa dúvida quanto uma insofismável certeza.

A dúvida é sobre quem tinha, afinal, razão, ao avaliar o comportamento de linha de frente de Paulinho Serra -- se a mídia chapa-branca ou as intervenções do jornalismo independente.  

A certeza é de que, como no campo político nacional, de extremistas e de versões diversas sobre um mesmo tema, também no caso da pandemia havia um conflito evidente entre a verdade documentada e a meia-verdade manipulada.

Contra isso só existe um remédio: comparar os dados de letalidades expressos logo abaixo, bem como a ausência de política regional de combate ao vírus. Enfrentar essas duas barreiras omitidas ou sonegadas pelos cenaristas é o melhor método para aferir quem é quem nessa história.

 

Vírus: Paulinho Serra entre

negacionismo e triunfalismo

 DANIEL LIMA - 19/04/2021

 

O malabarismo político (que também é eleitoral) do prefeito Paulinho Serra em tentar colocar especialmente Santo André como ativo exemplar de meritocracia no combate ao Coronavírus o torna uma mistura de negacionismo e triunfalismo que se chocam e o ridicularizam.  

Essa é a constatação de CapitalSocial após análise de um artigo do titular da Prefeitura de uma das cidades mais empobrecidas neste século no Estado de São Paulo e um dos principais endereços de letalidade do vírus chinês. O material foi publicado quase na íntegra pelo Diário do Grande ABC e completo nas redes sociais.  

Paulinho Serra também é prefeito temporal do Clube dos Prefeitos, uma associação cuja utilidade nos 30 anos de atuação é preciosidade a ser lançada no quarto de despejos de políticas erráticas e sabotadoras da regionalidade necessária.  

Adotamos na análise do texto do prefeito de Santo André um padrão já muito utilizado em outras situações. Transformamos o material em insumo à réplica jornalística. Portanto, um debate virtual.  Que pode ganhar desdobramentos. Basta o prefeito responder às ponderações de CapitalSocial.  

O artigo autobajulativo de Paulinho Serra faz incursão pelo negacionismo combinado com o triunfalismo na medida em que transpira reação vitoriosa contra o vírus chinês como exemplo de planejamento de sua Administração tanto à frente da Prefeitura quanto do Clube dos Prefeitos.  Nenhuma coisa nem outra. Ou seja: nega a verdade dos fatos e propaga medidas que estão longe de ser inovadoras. São cópias fiéis de terceiros igualmente encalacrados pelo vírus.  

Santo André está na linha de tiro de ineficiência contra o vírus e o Grande ABC como um todo é um fracasso. Os índices de letalidade são uma perdição municipal e regional. Perdemos na rodada dupla de ineficiências.  

No âmbito municipal, depois da catastrófica São Caetano, Santo André ocupa o segundo lugar nas urnas funerárias. No âmbito regional, a média de mortes supera largamente a maioria dos Estados, o Estado de São Paulo e o Brasil como um todo.  

O placar desta segunda-feira da letalidade do Coronavírus no Grande ABC, expresso no Jornal Reporter Diário, não deixa margem a dúvidas: são 6.990 casos de mortes, com média regional de 249,02 para cada grupo de 100 mil habitantes. No Estado de São Paulo são 88.350 óbitos, ou 196,33 casos letais para a mesma proporção populacional. No Brasil, com 373,442 mortes, a média por 100 mil habitantes é de 176,15%. No caso de Santo André, com 1.902 óbitos para 721.367 habitantes, o resultado é de 263,66. Mais que a média regional, portanto.  

Acompanhe o debate virtual. E torça para que Paulinho Serra e sua assessoria aceitem o desafio de nova rodada.   

PAULINHO SERRA 

Há um ano a pandemia da Covid-19 desafia gestores públicos a adotarem estratégias de contenção do vírus e medidas para garantir a capacidade hospitalar instalada, de forma que o Sistema de Saúde não entre em colapso e pacientes fiquem sem atendimento médico. Uma luta diária, com decisões pautadas pela Ciência e pela preservação de vidas, a despeito da falta de uma coordenação única advinda de organismos federativos superiores. Mesmo neste cenário inóspito, Santo André e o Grande ABC vêm se destacando por serem resilientes, mesmo diante do pior momento da pandemia. Resultado que advém de muito planejamento e trabalho, que nos permitiu assegurar que nenhuma andreense ficasse sem assistência ou morresse aguardando por vagas em leitos de UTI.  

CAPITALSOCIAL   

Paulinho Serra chama de resiliência o enfrentamento ao vírus chinês e incorpora ao léxico populista o que identifica como planejamento e trabalho. Uma pena que os resultados em forma de estatísticas de vidas perdidas não correspondam ao ilusionismo. Vangloriar-se do fato de que nenhum morador de Santo André morreu por falta de assistência é um convite à comparação com os piores endereços do País, nos quais as condições sanitárias e de infraestrutura física e de recursos humanos retratam fragilidade gerencial e orçamentária. Só faltava mesmo Santo André ingressar no clube dos mortos de quem esperava por atendimento. O que o prefeito de Santo André escamoteia com a habilidade de político em busca de um futuro além do Paço Municipal é que as falhas de organização aceleraram o empilhamento de mortos na cidade e na região como um todo.  

PAULINHO SERRA 

A cooperação entre as cidades permitiu, inclusive, a realocação de pacientes via Sistema Informatizado de Vagas, quando municípios menores e menos estruturados colapsaram, além da disponibilização de insumos, no suporte a esses municípios. 

CAPITALSOCIAL  

De novo o prefeito de Santo André e do Clube dos Prefeitos enaltece o óbvio. A realidade geográfica, econômica e social do Grande ABC impõe a cooperação em momentos cruciais como o do Coronavírus. Só faltava erguer barreiras político-partidárias em afronta à sistemicidade de operações inescapáveis. Pena que essa aproximação e essa complementaridade em forma de socorro circunstancial não tenham elevado o padrão de medidas à espera de iniciativas que rompam o quadradismo de compulsoriedades em forma de letalidade do vírus.  

PAULINHO SERRA 

Em Santo André, a testagem em massa, realizada em sistema drive-thru, nos possibilitou diagnosticar e tratar pacientes de maneira preventiva e antecipada, evitando a evolução e ao agravamento de casos e, consequentemente, aumento da demanda por internações nas UTIs. Além disso, medidas como telemedicina, a implantação de Centro Especializado em Covid e a eficiência na aplicação das doses da vacina contra a doença garantiram capacidade maior de resistir, pela qual Santo André vem se descantado.  

CAPITALSOCIAL  

É impressionante que com toda essa suposta eficiência de Santo André no combate ao vírus,  os resultados expressos nas estatísticas insuspeitas colocam o Município apenas atrás da campeoníssima São Caetano como endereço de mais elevada letalidade no Grande ABC. Mais que isso: em confronto com municípios de porte populacional semelhante, e mesmo com infraestrutura mais apropriada, uma infraestrutura que vem do passado, Santo André siga entre os piores endereços do País, sempre que se considera o padrão internacional de avaliação, no qual o total de óbitos é dividido por cada grupo de 100 mil habitantes. Quanto maior o quociente, mais desastrosa ou menos efetiva a ação de enfrentamento.  

PAULINHO SERRA 

Já imunizamos mais de 105 mil pessoas, o que corresponde a uma cobertura vacinal de 15%, acima da média estadual e nacional. E a busca por mais doses da vacina não para. Por meio do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, o município e as outras seis cidades da região – São Bernardo, São Caetano, Diadema Mauá, Rio Grande da Serra e Ribeirão Pires – protocolaram intenções de compra junto a todos os laboratórios que estão produzindo as vacinas. Mais do que o objetivo de adquirir doses extras, nos preparamos para arcar com as despesas tão logo houver ofertar para atender a nossa demanda. Aprovamos o uso dos fundos municipais para a compra de doses do imunizante e para outras ações de enfrentamento à pandemia, com um aporte de R$ 60 milhões. 

CAPITALSOCIAL  

Quanto mais o prefeito de Santo André e do Clube dos Prefeitos enfatiza novas ações para combater o vírus mais se acentua a imperícia coletiva de o Grande ABC contar com uma organização que observe o cenário nacional e internacional com olhos postos em exemplos que dão certo. Os desafios do Coronavírus são constantes e mutáveis a ponto de provocar estupefação mesmo entre os especialistas em saúde sanitária. Homens da ciência que, no Grande ABC, jamais foram requisitados permanentemente pelos prefeitos para ações conjuntas e integradas no Clube dos Prefeitos. Uma espécie de comitê de profissionais da área que liderassem as ações jamais constou dos planos de políticos como Paulinho Serra, porque se teme a perda do lustro midiático.  

PAULINHO SERRA

Aqui, as medidas sanitárias se somaram às ações restritivas de circulação, com o fechamento de serviços não essenciais, lockdown noturno, com a paralisação do Transporte Público, proibição da fiscalização para o combate e dispersão de aglomerações. Decisões fundamentais para desacelerar a ascensão do vírus e retrair a alta no índice de internações. No período mais agudo da pandemia, Santo André chegou a registrar 1.100 internações e a ter ocupação média de 94% dos leitores de UTI Covid na cidade. Após a adoção de série de medidas de controle de circulação, nossos números recuaram em mais de 30%, resultado atualmente em cerca de 680 internados, com taxas de ocupação de 83% nos leitos de UTI e 67% na enfermaria. 

CAPITALSOCIAL

Mais uma vez o relato burocrático do artigo do prefeito mostra o quanto Santo André e os demais municípios da região, como também do País, não souberam se antecipar ao desastre da propagação do vírus. A ideia que o artigo trás é de falsidade quanto à especificidade de suposta eficiência de combate à pandemia, porque sugere explicitamente que apenas e tão somente Santo André reagiu nos números de internação e enfermaria após a catástrofe temporal de uma arremetida estarrecedora. Paulinho Serra tenta seduzir os leitores com exposição de exclusividade no suposto sucesso de rebaixar os casos registrados e os casos letais. Um duplo ataque à realidade dos fatos.  

PAULINHO SERRA

Mas o bom desempenho no combate ao novo Coronavírus, observado até aqui, não se limita às ações de fortalecimento do SUS (Sistema Única de Saúde), com a ampliação de 70 leitos de UTI, ou à atuação dos hospitais de campanha, Pedro DellAntonia e UFABC (Universidade Federal do ABC), com 400 leitos destinados exclusivamente à Covid. Santo André também focou na solidariedade, para ajudar mais de 100 mil pessoas que estão em vulnerabilidade, por conta da pior crise econômica deflagrada pelo novo coronavírus. Uma campanha idealizada pelo Fundo Social de Solidariedade, capitaneada pela primeira-dama, Ana Carolina Serra, bateu recorde de arrecadação como uma Live em comemoração aos 468 anos da cidade. Foram 237 toneladas de alimentos doados, além de 350 mil kits de limpeza e R$ 106 mil em recursos captados, durante duas horas de transmissão ao vivo, na maior campanha solidária da região do Grande ABC. A Santo André Solidária permanece até o fim de abril em pontos de drive-thru arrecadando alimentos, itens de higiene, limpeza e roupas que beneficiarão as entidades assistenciais do município. Criar mecanismos de sobrevivência e de dignidade para atravessar este período mais intenso da pandemia, é o que nos referência e destaca no cuidado com nossa gente. Por isso, já distribuímos mais de 700 mil máscaras de tecido confeccionadas pelo programa “Costurando com Amor” e mais de 300 mil cestas básicas, com legumes e frutas, pelo “Merenda em Casa”, destinadas aos 33 mil alunos da rede municipal de ensino.  

CAPITALSOCIAL

Nenhum administrador público que se preze e que tenha um mínimo de humanismo mantêm-se distante dos estragos sociais que a pandemia do Coronavírus impõe como desafio a redução dos danos colaterais que impactam especialmente os mais pobres. Paulinho Serra não está entre as exceções, nem poderia. A pandemia é uma oportunidade de ouro, também, para jogar holofotes na dona da casa, colocada como uma das prioridades do segundo mandato do prefeito. Dona Carolina, de família de políticos, já planta projetos para virar deputada estadual. O que deve despertar cautela quando Paulinho Serra cita dados é que existe desconfiança generalizada à veracidade. Paulinho Serra é renitente à comprovação do que diz. Faltou ao prefeito de Santo André, ao mencionar o SUS, uma atenção mínima ao escândalo da sua turma de assessores, ligados à Secretaria de Saúde, nos desvios de dinheiro público na Fundação do ABC, mais especificamente na Central de Convênios, o caixa-forte, ou caixa preta, daquela instituição. O mandachuva escalado pela turma de Paulinho Serra comandou desvios comprovados por auditoria externa independente. Até ameaças de morte se deram com arma de fogo. E o dirigente foi afastado pelo Ministério Público de Fundações de Santo André. Em compensação, foi premiado com um cargo importante na Administração de Paulinho Serra. O Coronavírus corria solto no ano passado quando a quadrilha no interior da Fundação do ABC foi desmascarada.   

PAULINHO SERRA

Pacotes de auxílios financeiros, com a suspensão da cobrança de tributos com IPTU e ISS, além do projeto de Lei para renegociação de dívidas dos municípios, suspensão de cobrança de aluguel, entre outras medidas protetivas, contribuem para esses índices de controle e superação da pandemia. Focamos na prevenção e conscientização do Pit Stops da Prevenção nos principais corredores comerciais, estações de trem e terminais rodoviários, com aferição de temperatura, álcool em geral e distribuição de máscaras, além do Comércio Responsável, para assegurar a adoção dos protocolos de segurança nas lojas da cidade. Foram muitas as ações inovadoras que nos conduzem a este momento de reversão do avanço da Covid, em um momento em que a maioria das cidades brasileiras estão próximas de um colapso. Não existe fórmula única ou milagrosa, mas um conjunto de medidas planejadas e complementares fazem a diferença. Políticas públicas que nos dão suporte para a retomada, com o avança das vacinas, que é a única arma efetiva contra este mal que acomete o mundo. E vamos continuar neste caminho certo, para conduzir a nossa cidade o Grande ABC e a nossa gente a um futuro seguro. Vamos resistir e superar!  

CAPITALSOCIAL

A Administração de Paulinho Serra expõe enunciados no campo econômico sem, entretanto, pormenorizá-los. Qual foi o montante de dinheiros de impostos municipais utilizado para socorrer os negócios? Essa é uma questão essencial ao dimensionamento da sensibilidade de um gestor público. O confronto de números poderia se dar também com a comparação entre o que a gestão de Santo André recebeu do governo federal e o quanto teria aberto mão dos cofres municipais para atender à demanda de sobrevivência dos pequenos negócios e das famílias mais necessitadas. Não se trata essa questão de nada que possa sugerir a defesa de arrombamento dos cofres públicos em prol de supostas medidas restauradoras, ignorando-se o futuro próximo e distante quanto ao comprometimento da segurança fiscal. É apenas uma sugestão que remete à lealdade e a honestidade em relação a outras esferas de governo, tratadas pelo prefeito de Santo André com efetiva desconsideração, quando não sutilmente crítica. Tudo fica mais fácil com o dinheiro dos outros, mesmo que o dinheiro dos outros se transforme em imenso lodaçal de falcatruas documentadas, como é a casa da casa da sogra da Central de Convênios da Fundação do ABC.

 

Santo André e São Caetano

entre rebaixados pelo vírus 

 DANIEL LIMA - 02/03/2022

 

Santo André e São Caetano constam da lista dos quatro municípios mais duramente impactados com o total de mortes para cada grupo de 100 mil habitantes pelo Coronavírus e variantes. Tanto que se a epidemia se encerasse hoje, estariam entre os quatro piores do G-22, o Clube dos Maiores Municípios do Estado de São Paulo, fora a Capital.  

O resultado está consolidado em pesquisa com base nos dados oficiais do governo do Estado de São Paulo, sob a curadoria da Fundação Seade. Não tem choro nem vela de subjetividades. São números reais, de instituição que controla o placar no Estado. 

O critério de rebaixamento segue as principais competições de futebol no Brasil, divididas em 20 equipes na Série A e na Série B. Os quatro primeiros sobem e os quatro últimos descem.  

INTERAÇÃO IMPORTANTE  

É claro que estamos utilizando uma metáfora. Oficialmente não há competição alguma desse tipo. Queremos apenas dar a dimensão exata do quanto os dois municípios do Grande ABC batem cabeça no combate ao Coronavírus.  Os demais, exceto Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, também têm dificuldade de se safar dos danos letais do vírus.  

Não fosse essa exploração classificatória, os números do Coronavírus e variáveis no Grande ABC não seriam compreendidos. Enfrentamento numéricos internos, de municípios locais contra municípios locais, é algo muito provinciano e impreciso. Há expansão obrigatória de dados para que se compreenda a situação da região no conjunto de municípios do Estado e do País – e também num agrupamento específico, caso do G-22.  

O Ranking do G-22, o Clube dos Maiores Municípios Paulistas, exceto a Capital, é implacável. Basta dividir o total de mortes pelo total de habitantes de cada um dos endereços municipais. A métrica é internacional.   

CRITÉRIO UNIVERSAL  

Mortes por 100 mil habitantes formam um critério universal em diversas modalidades estatísticas que passem pelo escrutínio da trituração de diferenças entre determinadas temáticas e municípios ou países de populações distintos. 

Criamos o G-22 justamente para medir o tamanho da eficiência ou da ineficiência dos municípios do Grande ABC individualizados ou agrupados diante da concorrência estadual. Uma Guarulhos com mais de 1,3 milhão de habitantes ganha invólucro igual ao de São Caetano, por exemplo, que mal passa de 161 mil habitantes.  

Para medir coisas diferentes é indispensável adotar medidas que as ancorem sob o mesmo prisma. São Caetano mal completa dois grupos de 100 mil habitantes, enquanto Guarulhos passa de 13. Como estabelecer referenciais que reflitam vantagens e deficiências entre os dois municípios e entre tantos outros: esquadrinhando-o sob o mesmo prisma.  

ADEQUANDO FORMATO  

É assim que funciona tanta coisa de tamanhos distintos. Os índices nacionais e internacionais de criminalidade levam em conta o critério de 100 mil ou mesmo um milhão de habitantes, que dá na mesma. São Paulo conta em números absolutos com a mais grave incidência de mortes por assassinato a cada temporada, mas está em primeiro em eficiência quando se utiliza a medição por milhão de habitantes.  

O G-22 é integrado pelos maiores municípios econômicos do Estado de São Paulo. A Capital, de tamanho mastodôntico que distorce os resultados, está excluída. Sozinha, São Paulo tem o tamanho demográfico e econômico de todos os integrantes do G-22. 

Na verdade, o G-22 pode ser chamado também de G-20, porque Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra estão na lista por causa da regionalidade. Os dois municípios completam o Grande ABC, que contam com cinco representações oficiais no agrupamento. 

A surpresa no ranking de letalidade do Coronavírus e variantes no G-22 é São Caetano não constar da última colocação. Por diferença mínima é superada por São José do Rio Preto, que ocupa a 22ª posição. Os outros integrantes do grupo de rebaixados até agora na competição pela vida também carregam identidade de santos: Santo André na 19ª colocação e Santos na vigésima.  

PIORES EQUILIBRADOS  

A diferença entre São Caetano e São José do Rio Preto na briga para fugir da lanterninha no Ranking do Coronavírus do G-22 promete ser dramática, porque o vírus continua a matar. São Caetano registra 644 mortes para cada grupo de 100 mil pessoas, enquanto Rio Preto aponta 645. Uma diferença mínima.  

Desde os primeiros tempos em que o Coronavírus começou a produzir mortes no Grande ABC temos destacado três fatores que pesam, entre outros, no agravamento da situação de São Caetano: densidade demográfica, localização na metrópole e incidência de população acima de 60 anos muito além da média estadual e nacional.  

Mas também devem ser levados em conta fatores de infraestrutura e de gestão. Embora dados de São Caetano sejam mais inquietantes, o Grande ABC como um todo também não vai bem na competição que subsiste para medir o tamanho das complicações do vírus.  

Quanto mais afastados dos grandes conglomerados humanos, como são os miolos das regiões metropolitanos, menos o Coronavírus faz estragos, entre outros fatores. Tanto que os dois primeiros colocados do Ranking do G-22, Rio Grande da Serra e Ribeirão Pires, no Grande ABC, ficam num dos extremos da geografia regional. E também contam com baixa densidade demográfica, o que implica em mobilidade urbana mais palatável. 

A média de 412 mortes para cada grupo de 100 mil habitantes (11.558 no total dos sete municípios) coloca o Grande ABC muito acima tanto dos números gerais do Estado de São Paulo de 164.532 mortes para um total de 45 milhões de habitantes, o que se traduz em 365,66 mortes para cada 100 mil habitantes. Ou seja: a incidência de óbitos no Grande ABC é 12,67% superior. Já as 649.134 mortes no País, quando divididas por 212 milhões de habitantes, resulta em 306,19 casos letais para cada grupo de 100 mil habitantes. Comparado à média brasileira, morrem 34,64% mais na região. Veja o Ranking do G-22 de letalidade do Coronavírus:   

1. Rio Grande da Serra com 99 mortes para uma população de 51.436. Mortes por 100 mil habitantes: 192,47. 

2. Paulínia com 330 mortes para uma população de 112.003. Mortes por 100 mil habitantes: 294,63.  

3. Ribeirão Pires com 367 mortes para uma população de 124.159. Mortes por 100 mil habitantes: 295,59. 

4. São José dos Campos com 2.174 mortes para uma população de 729.737. Mortes por 100 mil habitantes: 297,91. 

5. Sumaré com 908 mortes para uma população de 286.211 habitantes. Mortes por 100 mil habitantes: 317.25. 

6. Taubaté com 1.065 mortes para uma população de 317.915. Mortes por 100 mil habitantes: 334,99.  

7. Mauá com 1.635 mortes para uma população de 477.552. Mortes por 100 mil habitantes: 343,83.

8. Diadema com 1.491 mortes para uma população de 426.757. Mortes por 100 mil habitantes: 349,38. 

9. Mogi das Cruzes com 1.810 mortes para uma população de 450.785. Mortes por 100 mil habitantes: 356,40.  

10. Piracicaba com 1.528 mortes para uma população de 407.252. Mortes por 100 mil habitantes: 375,20.  

11. Guarulhos com 5.295 mortes para uma população de 1.392.121. Mortes por 100 mil habitantes: 380,35.  

12. Campinas com 4.935 mortes para uma população de 1.213.792. Mortes por 100 mil habitantes: 406,58.  

13. Jundiaí com 1.726 mortes para uma população de 423.006. Mortes por 100 mil habitantes: 408.03.  

14. Osasco com 2.907 mortes para uma população de 699.944. Mortes por 100 mil habitantes: 415,32. 

15. São Bernardo com 3.562 mortes para uma população de 844.483. Mortes por 100 mil habitantes: 421,80. 

16. Barueri com 1.230 mortes para uma população de 276.982. Mortes por 100 mil habitantes: 444,07. 

17. Sorocaba com 3.082 mortes para uma população de 687.367. Mortes por 100 mil habitantes: 448,38.  

18. Ribeirão Preto com 3.247 mortes par uma população de 711.825. Mortes por 100 mil habitantes: 456,15.  

19. Santo André com 3.361 mortes para uma população de 721.368 habitantes. Mortes por 100 mil habitantes: 465,92. 

20. Santos com 2.465 mortes para uma população de 433.656. Mortes por 100 mil habitantes: 568,42.  

21. São Caetano com 1.043 mortes para uma população de 161.957. Mortes por 100 mil habitantes: 644. 00. 

22. São José do Rio Preto com 3.003 mortes para uma população de 464.983. Mortes por 100 mil habitantes: 645,58.  

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